terça-feira, 25 de dezembro de 2007

8th Birthday and Christmas without you grandpa...


Unforgettable, thats what you are

Unforgettable, though near or far

Like a song of love that clings to me

How the thought of you does things to me

Never before has someone been more

Unforgettable, in every way

And forevermore, (and forevermore)

Thats how youll stay, (thats how youll stay)

Thats why darling its incredible

That someone so unforgettable

Thinks that I am unforgettable too


No, never before has someone been more

Ooh unforgettable, (unforgettable)

In every way, (in every way)

And forevermore, (and forevermore)

Thats how youll stay, (thats how youll stay)

Thats why darling its incredible

That someone so unforgettable

Thinks that I am unforgettable too

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

...

Daqui a uns anos vou estar morta,

Vocês têm que ter essa consciência

Quando vos peço para me deixarem

Ser livre. Daqui a uns anos já não importa,

Já não vou estar na adolescência.

Já não vai interessar o facto de me abraçarem


Eternamente com medo de me perder.

Porque daqui a uns anos poderei

Fazer o que quiser. Que interesse tem

Poder ir sempre para onde me apetecer

Se não há ninguém para dizer “Eu confiei

Em ti e deixaste-me ficar bem”?


É por isso que vos peço calmamente

Que confiem e não tenham medo

Porque há muito que não sou criança.

Confiem em mim no momento presente

E eu prometo estar de volta mais cedo

Do que imaginam. Não lutem contra a mudança


Porque aprendi dificilmente que é inevitável.

Sei que algumas vezes vos desiludi

Mas se pensarem bem, não foram

Quase nenhumas. Tenho uma admirável

Resistência à tristeza e sempre cri,

Mais que vocês, que o dinheiro não


Interessa. Vocês sabem que sou feliz

E que vos amo, independentemente

Dos bens materiais que não puderam

Dar-me. E acreditem que a raiz

Daquilo que sou foi grandemente

Influenciada pelo que não me deram


E que os outros pais deram às outras crianças.

Raramente vos pedi que me dessem coisa alguma

E quando o fiz, foi apenas por necessidade.

Por isso, dêm asas às minhas esperanças

Não sejam responsáveis pela queda de mais uma

Das minhas expectativas de felicidade.


Percebam… Percebam por favor

Que o tempo passou, que eu já cresci

E que esta oportunidade eu mereço.

Façam-me esta vontade, por louvor

A Deus… Percebam que já aprendi

E que sempre vos respeitei, com apreço.


Eu percebo que vocês tenham medo

Pois apenas me têm a mim. Mas preciso

Mesmo de me libertar e de ir explorar

Este grande mundo, para que nenhum segredo

Ele mantenha e para que seja conciso

O meu conhecimento. Tentem não pensar


Que algo terrível poderá acontecer

Porque isso não está nas vossas mãos.

E não pensem que não tenho nenhum temor,

Porque eu também temo o decorrer

Do tempo e todas as suas bênçãos

Ou maldições repletas de dor


Que me esperam. E estão já ali adiante,

Vou encontrá-los assim que conseguir

Ultrapassar este obstáculo que vocês

Me estão a por. Vou levar a minha avante

E na estrada da Vida vou prosseguir.

E quando chegar ao meu destino direi “Vês,


Nada de mal veio ao meu encontro.

Deparei-me com algumas coisas menos boas

Mas que são necessárias para aprender.”

Por isso, Helena, não anseies pelo reencontro

Com lágrimas nos olhos. E Rui, as pessoas

Não têm culpa de que eu tenha de crescer.


Eu vou, seja hoje, ou amanhã, ou ainda depois,

Vou realizar os meus sonhos e desejos.

Mas preferia, com toda a certeza, ir hoje ainda.

E preferia que soubessem e me abençoassem, pois

Custa-me deixar-vos sós, sem os meus gracejos.

Percebam que tenho de ir agora que o dia finda…

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Porto Côvo


Tenho saudades de Porto Côvo e do mar e das rochas e da areia e dos cheiros e das flores amarelas e do pôr-do-sol e da relva e dos animais a descansarem e da maresia e das estrelas e dos ruídos do campo e das casinhas azuis e brancas e dos bancos de pedra branca e dos bancos de madeira vermelha e da esplanada de metal e da rua principal e da calçada de granito azul-escuro e dos cães à solta e das pessoas a passearem e do parque de campismo e da geladaria e da pizzaria e do sol e do silêncio e da solidão e das pessoas que se conhecem todas e das roullotes no fim da rua e das casas fechadas há anos e dos passeios nocturnos e da noite adoravelmente fria e do forte e da ilha e da esperança e da canção e das memórias e da vida que todas essas coisas emanam.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Best of "Crazy"

Aqui fica a selecção das melhores frases do melhor livro de sempre. "Crazy"




“ (…) A vida é qualquer coisa como nunca pensarmos nela.”


“ – Porra, e se as calças me caírem?! – pergunta desesperado.

- Então esta merda deste pátio pindérico tem, finalmente, algo de interessante para ver!”


“E tudo isto só por causa das miúdas, penso. Agora venham-me dizer que não preciso delas. Na segunda noite na estou pendurado como um tarado no muro de um castelo para ir ter com elas.”


“Não conseguirei sempre aquilo que quero, mas podes ter a certeza de que vou experimentar aquilo que posso.”


“Toda a juventude não passa de uma única e imensa procura do fio.”


“Sinto vontade de morrer. É incrível como uma pessoa se pode entusiasmar tão depressa. É só preciso ver um traseiro jeitoso. (…) É que mal chegamos aos treze anos e as miúdas e os seus traseiros transformam-se em pura droga.”


“Aos dezasseis anos a vontade de um gajo é simplesmente dar uma valente estocada. Com dezasseis anos o que as miúdas querem é receber uma valente estocada.”


“Por que é que não continuamos todos a ser simplesmente uns rapazinhos? Que pretendem curtir um pouco esta vida? Dar umas quecas, rir, ser felizes.”


“Este mostra uma cena do filme fantástico Dragonheart. Um dragão enorme que expele fogo luta com um cavaleiro da Távola redonda. We will always suceed! – Pode ler-se.”


“Há-de chegar a altura em que Ele nos livra desta merda e nos dá a mão para nos ajudar.”


“O que eu precisava era de uma fase da «casa das putas.»”


“Eu não quero ser mais um espectador. (…) Não quero continuar de fora, na escuridão, a olhar para o palco. (…) Agora também eu quero subir ao palco.”


“Eu diria que nascemos para concretizar ideias malucas.”


“Um homem é um homem, um bicho é um bicho.”


“Janosh é um rochedo. Todos o sabem. (…) Ele é simplesmente o Janosh. E isso chega.”


“O Félix gordo adora os Ferraris. Tem um catálogo com todos os modelos. À noite chega mesmo a levá-lo para a cama para lhe sentir o cheiro.”


“- O vosso amigo é sempre assim tão rude?

- Claro, foi ele que inventou a palavra rude.”


“- Há aí alguém capaz de me dizer por que é que havemos de ser precisamente nós os primeiros a fazerem todo o tipo de merda?

- Simplesmente porque estamos vivos (…) e porque somos novos.”


“ - Sempre que escrevo um ditado faço vinte erros.

- Já pensaste que talvez tenha sido por isso que te espetaram com um seis a Alemão?

- Ainda não pus totalmente de parte a hipótese.”


“Está-me a parecer que o melhor é dar-lhe mesmo uma valente estocada e o assunto fica arrumado. É mais fácil. (…) Talvez consiga com o caralho o que não consigo com a cabeça.”


“O pessoal vive. Havemos sempre de viver. Havemos de viver tanto tempo até que não exista mais nada para viver.”


“Se aquilo que fazemos está certo ou errado, isso deixamos à Sua consideração. Ele que nos diga quando estivermos na Sua presença.”


“E sorriu aquele seu sorriso grande e largo, que vai de orelha a orelha. Como gostaria de lhe partir todos os dentinhos.”


“Mas é preciso arriscar senão não se consegue nada na vida.”


“ - Não podes desistir, Benni! O ser humano nunca deve desistir.

- Mesmo quando às vezes se torna mais fácil desistir?

- Nem mesmo nessas alturas.”


“A vida é excitante. Está sempre a acontecer algo novo.”


“Todos nós irradiamos a nossa luz própria dentro do sistema da nossa amizade.”


“É preciso beber a vida a jorros.”


“ – A vida é uma tentativa.

- E o que é que nós andamos a tentar?

- Andamos a tentar experimentar tudo.”


“Adoro mexer em livros. Transmite-me uma sensação de tranquilidade. A sensação de que neste mundo ainda existe algo que podemos agarrar e manter junto de nós. Apesar de tudo se esboroar e correr vertiginosamente à nossa volta.”


“Cada expressão, cada observação acerta em cheio no meu coração. Não tarda que os olhos se me encham de lágrimas. Acontece-me sempre isto. Os livros bons fazem-me chorar. Chorei baba e ranho de todo o tamanho quando li A Ilha do Tesouro e choro agora ao ler O Velho e o Mar. pelos vistos, é a minha sina.”


“Literatura é quando tu lês um livro e podes sublinhar cada uma das frases, porque sai autênticas.”


“ – Toda a pessoa é corajosa e valente ao mesmo tempo.

- E porquê?

- Porque cada um se levanta da cama de manhã e vai à sua vida sem enfiar uma bala nos miolos. Isso é um sinal tanto de coragem como de valentia.”


“Janosh é a vida. A luz. E o sol. E se existir um Deus, então Ele manifesta-se através do meu amigo. Disso tenho a certeza. Só peço que Ele o abençoe.”


“ – E tu conheces um filme melhor?

- Braveheart. (…) Esse é que é um bom filme. Mel Gibson é crazy. Além disso, eu curto a Escócia à brava.”


“Meu Deus, obrigada pela vida que me deste! E manda vir mais uma rodada de Bacardi para todos.”


“Lebert! Nunca hei-de esquecer esta noite. Digo-te! E nela está gravado o teu nome!”


“Eu fico logo de pau feito. Parece que me quer rasgar as jeans”


“ – Aposto que não tens tomates para subir ao palco e enfiar-lhos no slip.

- Ai não, não tenho.

- Vamos juntos?

- Vamos juntos!”


“ – Vocês já se aperceberam de que são os melhores, não? Os melhores que eu jamais tive.

- Sim, sim. Nós já sabemos disso. Estás bêbedo que nem um cacho.

- Talvez esteja, talvez esteja. Mas vocês sabem que são os melhores. Os melhores que jamais tive.

- Claro e tu também és o melhor que nós jamais tivemos. Nós já percebemos isso!

(…)

- Todos nós somos os melhores! Uns heróis! Crazy!”


“ – E onde é que nos encontramos neste momento?

- No caminho da vida.

- E nós fazemos e encontramos… novas histórias.”

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A Celta


Tratava-se de uma daquelas tardes silenciosas

Daqueles sábados terrivelmente fastidiosos.

Mas, para aquelas duas pessoas,

Estas eram horas terrivelmente maravilhosas

Pelas quais ambos estavam sempre ansiosos.


Em lado algum daquela casa se via luz,

Excepto na ténue chama dançante

Da vela branca que ardia sem parar.

E aquele clarão amarelo, que os seduz,

Iluminava aquele serão triunfante.


Numa enorme banheira de metal,

Com possantes pés também metálicos,

Se davam aquelas conversas boas

Que fortaleciam aquela relação fenomenal

Com os seus fantásticos temas alquímicos.


Juntos, o filho pequeno e sua mãe,

Se banhavam sempre conversando.

O menino, sem nunca parar de a amar,

Ouvindo quantas virtudes ela tem

Para lhe ensinar, ficava desfrutando


Das histórias que ela tinha para contar,

Cada uma melhor que a anterior.

E a mãe, envolvendo-o nos braços,

Amava-o com todo o afecto que se tem para dar.

Aqueles momentos, todos de pendor


Altamente pagão, justificam as suas vidas.

Um dia, o menino colocou-lhe uma questão.

“Mãe, porque é que raramente acendemos luzes?”

Ela colocou-lhe água sobre as feridas

Que tinha no rosto, devido a qualquer confusão


E começou, então, calmamente, dizendo:

“Há muito tempo, quando a Deusa era adorada

E as pessoas carregavam flores nos regaços,

Não existia este desperdício tremendo

Daquilo que a natureza nos dá. Louvada,


A Terra dava aos homens o necessário

Para que eles pudessem sobreviver.

E, nesses tempos, as únicas luzes

Que eles conheciam eram as do temerário

Fogo. Jamais o deixavam morrer


E a Deusa jamais permitiu que deixasse

De os aquecer e iluminar. E assim nasciam,

Viviam, eram felizes e morriam, sempre belos.

E se algum deles, por ventura, imaginasse

Que, no futuro, as lâmpadas existiriam,


Seria considerado louco, decerto!”

Sobre as palavras da mãe ele ponderou

Durante algum tempo, calado.

Mas, de novo, ele a questionou:

“O povo da Deusa adorava-a a céu aberto,


Não era? Mas, se tanto a amavam

Porque nunca nenhum templo lhe foi construído?

Ela colocou-lhe água sobre os cabelos

Louros e arruivados que brilhavam

À luz da vela. “Porque, meu querido,


São um só, a Deusa e a Natureza.

E o seu povo vivia em casas de madeira,

Cobertas com colmo, sobre o relvado

Que ela criara com delicadeza,

Assim como criou a terra inteira.


Por isso, se ela é toda a Natureza,

O seu povo deve idolatrá-la no exterior

Que é, afinal, o seu reino. Assim,

As suas gentes podiam usufruir da beleza

Que ela lhes dera com todo o amor.


E é por isso que não gosto de electricidade.

Porque a Deusa criou o Sol e a Lua

Para nos iluminarem neste mundo escuro.

E não podemos deixar que esta atrocidade

Arrebate as nossas vidas e as polua.


E é por isso que no campo vivemos.

Porque as estrelas ajudam a dar a luz

Que a Lua – e eu não a censuro –

Não pode dar sozinha. Porque podemos,

Observar as figuras que cada estrela produz.


E é por isso que na barulhenta cidade

Não se vêm tantas estrelas como aqui.

Porque a Deusa quer que, como um delfim,

Eu e tu e todas as pessoas vejam a beldade

Que ela criou e usufruamos dela, daqui,


Do campo, da Terra, da Natureza.

Quer seja no poderoso mar,

Ou nas majestosas montanhas,

Ou em qualquer lado onde a sua pureza

Se possa livremente observar.”


O menino acariciou a água fria

Com as suas pequenas mãos claras,

Imaginando o maravilhoso povo antigo,

Cujos ensinamentos a mãe seguia

E que já ouvira dizer serem bárbaras.


Mas a ele, nada disso interessava.

E ele imaginava-os de novo

E imaginava a Deusa e suas façanhas

E ficava embevecido e amava

A sua imagem e a do seu povo.


E a mãe colocava-lhe água sobre os braços,

Arrepiando-o agradavelmente. E ele abraçava-a

E sabia que seria sempre seu amigo.

E na cara dela, via da Deusa os traços

Divinos e imaginava-a na floresta e amava-a.

sábado, 24 de novembro de 2007

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.


Luis Vaz de Camões



(Pra ti, sua ruiva zombie parvalhona!)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Uma das coisas soltas que escrevo e depois encontro...

Encontram-se a sofrer, ó desamparados,

Porque a morte levou alguém que amavam.

E se meus pêsames vos entregasse, ó abençoados,

Que diferença faria? Que saudades travavam?

terça-feira, 20 de novembro de 2007

God is in the Rain


God is in every single thing that lives so, there for, it really is in the rain. That's why I like to feel the rain on my skin, it feels like every inch of Nature is touching me, making me more alive then I already am.
But even though I like to see and f
eel the rain I’m unable to love it because I just cant live with this grey sky, my imagination doesn't let me. I look up and I see a grey and white mass that seems to be just above my head. It feels like if I just lift my hand up I could touch the clouds and like a Celtic I fear that the sky is going to fall upon me. I fell inprisioned and asphyxiated as if I’m inside a box whose ceiling is made of clouds.
Besides, in my head, God is rig
ht above me, always looking down to us humans, and when it rains, i imagine that this enormous blue eye is crying, that God is unhappy with His sons he punishes us, making His salty tears fall upon us. As another way of punishing us, God also takes us the warm light that comes from the sun, our fountain of live. Light is related with enlightening, wisdom and clarification and, been greedy and blind, we, the human kind, don’t deserve to see the light and only deserve to be immersed in darkness.
Darkness... This dark scenario in which the rainy days left us are also a sign from God. Because in the dark there may be fear but there is also hope and there will always be someone that wants to find the light and fight the darkness.
Summarizing, this awfully
discoloured weather means to me that all of us should fight against our own fears and doubts and find the light, find a way to improve all our situation, find a way to get us out of the darkness...
But what if I don’t feel in the mood to fight the darkness?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Am I just another brick in the wall?


I feel like I'm a blank page between colorfull, adventurous and amusing pages...


Am I just another brick in the wall?
I dont wanna be just another brick in the wall...
I'm not just another brick in the wall...
What if I am just another brick in the wall?
No! I'm positive I am NOT just another brick in the wall, I AM NOT!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Génioooo!!!


Mário de Sá-Carneiro

“Primeiros Contos” – “O Incesto”


"(…) Se a pena corria veloz negrejando as folhas banais de almaço pautado, o dramaturgo esquecia a vida, esquecia-se da sua dor.

Oh! A alegria inefável de vermos os nossos pensamentos tomar forma, de irmos vendo alinharem-se pouco a pouco as palavras que os traduzem e depois, de lermos em voz alta a página escrita, batendo bem as sílabas, para emendarmos o que soar mal, polindo aqui uma frase, alem outra frase, até conseguirmos o perfeito ritmo! E um capítulo que termina, um acto de que se escreveu a ultima réplica sobre a qual o pano há-de cair bruscamente, um período rutilante, bem equilibrado, sonoro, onde pusemos todo o nosso amor, toda a nossa alma… E tudo isso saiu do nosso cérebro; tudo isso é nosso, é bem nosso! Fomos nós que o criámos. Se não fôssemos nós, não existiria!

Um artista pode sofrer muito, ser muito infeliz até à morte. Acredito mesmo que entre os artistas se enfileirem alguns dos grandes desgraçados da terra. No entanto, na desventura dum artista – por amarga que ela tenha sido – brilhou sempre um raio de sol. A sua desgraça não foi com certeza a duma existência vazia e desoladora – que é a maior e mais real miséria deste mundo.

O prazer de criar avantaja-se a todos. Em frente da arte, o artista esquece. A sua dor, se não se cura, suaviza-se pelo menos. A arte é um refúgio. Eis a sua única utilidade – digamo-la baixinho: Se não fossem os belos livros da minha estante e as páginas de má prosa que escrevo de vez em quando, há muito que eu teria dado talvez um tiro nos miolos.

Nas suas grandes dores, que são uma guloseima negada ou um puxão de orelhas, a criança refugia-se junto dos seus brinquedos, e abraça-os e beija-os. O artista, na sua angústia, consola-se com a sua arte. É que a arte, é também no fundo um «brinquedo». Os homens são crianças eternas.

Escrever histórias, meus amigos, não é seguramente o melhor emprego que se pode dar aos anos da nossa vida. Eu digo isto e escrevo histórias. Desbarato tempo? Sem duvida. Mas gosto muito de escrever histórias. Acima de tudo, devemos fazer aquilo de que gostamos.

- É o que toda a gente faz! – Gritam-me.

Perdão. A maior parte da gente faz um grande número de coisas que não gosta de fazer e que podia muito bem deixar de fazer. Mas fá-las porque toda a gente as faz: Ninguém se deita as oito horas da noite. Eu, quando me apetece deitar-me a essa hora, deito-me. Os outros não o fazem, mesmo que tenham muito sono, simplesmente porque ninguém se deita as oito horas. Eis uma das poucas coisas de que me posso orgulhar na minha vida: Nunca fiz nada que não gostasse de fazer e que pudesse deixar de fazer."

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Economia


Compreendo…
Anda-me a apetecer tudo largar
P’ra ir procurar algo mais.
Sinto que já não me entendo
E que já não sei o que pensar…
Estou perdida entre meus “ais”!

Estou imersa nos “ais” que foram ignorados
E quero forçar-me a mantê-los enterrados.

(Só p’ra teres noção
Do que faço enquanto te escrevo,
Estou p’ra aqui deitada de lado,
Embrulhada na roupa da cama quente,
Resistindo à grande tentação
De parar de estudar como devo,
De atirar a Economia para o Passado
E pensar em algo mais pertinente…)

Concordo… Este ano parece que a falsidade voltou a estar na moda
E, de certo modo, não consigo esconder o quanto isso me incomoda.

Gostava de poder fugir, Rodrigo,
A sério que sim…
Mas a confiança que meus pais têm em mim
Muito me custou a conquistar, meu amigo.

E desiludi-los agora,
A um ano de ir para a Universidade,
Não está nos meus planos, não por ora…
Esta é a pura verdade…

Ultimamente,
Tenho sentido a minha poesia artificial e forçada
Mas agora está a sair-me tão naturalmente
Que não consigo controlar o natural nesta rima amada.

(E já caguei para a economia,
Nem sei se a quero perceber…
Mas que coisa mais vazia
Que me fazem aprender!)


01:48
09/11/2007

...

Parece que me foi tirada toda a energia
Que uso para tanto conversar…
E neste inconsciente acto de rebeldia
O meu desejo é apenas de pensar.

Sentada nesta sala de aula, aqui parada,
Não sinto vontade nem de rir.
Sinto tudo mas não sinto nada…
Ó Deus, porque tenho de sentir?

Envolvida num transe inconstante,
Pego numa madeixa de cabelo escuro
E analiso-o como se fosse importante,
Sempre com os olhos no futuro

O cheiro que na minha mão ficou,
Embrenhado bem fundo nos meus medos
- Memória de quem comigo se quedou -
Entra em mim, penetrando meus segredos.

Toda a ilusão que vive na minha mente
É visível através de meus olhos castanhos.
Basta que olhem para mim intensamente
E verão todos os espectros estranhos

Que passeiam nos meus pensamentos,
Brincando com eles, brincando comigo,
Criando mil fictícios tormentos
E vencendo quiméricos perigos.





08/11/2007
12:37

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O Desconhecido

Leio Pessoa como se não houvesse amanhã

Enquanto oiço as musicas mais deprimentes que existem.

Sinto que tudo o que sinto é matéria vã

E que não justifica os sentimentos que persistem.


Mas se sou feliz, se sinto completa minh’alma,

Então porquê este mórbido fascínio pelos que falharam?

Percebi há pouco que esta gente me acalma

Porque todos eles ilusões e sonhos inúteis amaram.


Porque sinto que morro, que me mata o futuro…

Este futuro cruel que me corrói interiormente,

Que me faz pensar o quão doloroso e duro

É o sonho. Pergunto-me porque sonho constantemente…


O que mais me faz espécie nesta situação

É saber que o ignóbil futuro eu desconheço.

Preciso de controlo, criei esta habituação

A ter de perceber tudo o que sinto. E adormeço


Com esta dúvida que me não abandona.

É aqui que a minha admiração pelos falhados jaz,

Porque com eles todos os meus medos vêm à tona.

E é isto que não conhecer o futuro me faz.


Questiono-me, mais que tudo, sobre meu fim.

Será que de nada serve este permanente criar

De ilusões e quimeras dentro de mim?

Chegará o dia em que irei minha vida terminar?


Chegará o dia em que a alegre Catarina

Sentirá que já não há mais nada a fazer?

Será que ela sentirá que a desilusão a domina

E descobrirá que não vale mais a pena viver?

domingo, 4 de novembro de 2007

Friend... The most beautiful word in the world...

Good Times by Keola & Kapono Beamer

We were friends who rode the waves
Time we spent in our younger days
Was a11 in fun, Oh the good times that we had.

We were young and it was fine
To feel your spirits as it climbs
There no regrets, only good times.

We were friends in our younger days
Although we went our separate ways
You were my friend, you never turned away

Who can say what life will do,
Life is kind to just a few
Theres no regrets, only good times.
In time we will grow We will change

Just as free as the wind and the waves

Live your life the way you choose
Find the ones who laugh with you
Like the sea will find it's way to shore

As the sun sinks from the sky
Live your life and you will find

Theres no regrets, only good times,
only good times..

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Rest in Peace


Hoje morreu um familiar de um bom amigo meu... E eu para aqui preocupada com não ser capaz de pedir coisas ao meu pai... Isto de facto faz-me pensar em como a vida é curta e eu ainda não fiz nada..

domingo, 21 de outubro de 2007

M. H.

I

Há dois anos que me deixaste, ó Maria Helena…

Cresci e metamorfoseei-me imenso desde então.

Lembro-me tão bem de ti, de quando te dava a mão

Para te ajudar a caminhar… lembro-me e tenho pena…


Pena de que já cá não estejas, pena de já não te abraçar

Porque foste, és e serás grande parte de mim.

Desde pequena que te ouvia desejando o teu fim

Mas quando este chegou, será que deixaste de ansiar?


Onde quer que tu estejas, lembras-te da tua neta?

Lembras-te de quando nos sentávamos no sofá

E me pedias para te ler? Ralhavas por ser irrequieta


Mas sei o quanto o adoravas. E as nossas discussões?

Lembras-te de quando berrávamos e dizíamos “és má!”?

E quando te levava ao hospital? Oh! Quantas aflições…




II

Numa prateleira do meu quarto, jazem livros de Eça de Queiroz,

No meu décimo ou decimo primeiro aniversario mos deste,

E, enquanto os desembrulhava, tu, muito feliz, me disseste

O quão brilhantes eram, com aquela tua lânguida e lenta voz.


Não gostei de os ter recebido, na altura queria outro presente.

Tentei lê-los, maior esforço não me poderias ter pedido.

Desde pequena que sempre adorei ler, lia quase de tudo, era sabido,

Mas aquelas longas descrições, para me cativar, não foram suficiente.


Tenho pegado imenso neles, sabes, de há um ano para cá…

E afeiçoei-me às histórias do nosso Eça de tal maneira,

Que quando não tenho nada para fazer subo para o sofá


Tentando alcançar a prateleira, e os livros cheios de pó.

Depois escolho uma obra, e sento-me a tarde inteira

E ao ler, penso em ti, recordo-te, minha querida avó.




III

Tal como eu, Maria Helena, nunca tiveste irmãos

E penso que é por isso que nos dávamos tão bem!

Lembro-me de aproveitarmos as horas que a noite tem

Para conversarmos, deitadas, dando as mãos.


Foste a única pessoa com quem conversei noites inteiras,

Noites apenas interrompidas pela pausa da ceia.

Contaste-me quase toda a tua vida, que foi cheia

De peripécias. Éramos duas coscuvilheiras.


Sou capaz de relembrar teu cheiro perfeitamente,

Sou capaz de sentir o teu corpo encostado ao meu,

Enquanto te queixavas do meu avô ter sido ateu,

Ou enquanto dormias, ressonando ruidosamente.


IV

Não esqueço que foste tu quem pagou minha educação,

Quem sempre auxiliou os meus desfavorecidos pais.

E eu estive contigo, na doença, apartando teus “ais”,

Enquanto me davas, inconscientemente, uma lição.


Foste tudo menos perfeita, todos o sabemos.

E para a minha mãe foste mais do que cruel,

Ela nunca conhecerá o amor de mãe, eras como fel,

Amarga e nós nunca o esqueceremos…


Foste contra o casamento dela, o meu pai era plebeu

E não se podia juntar a uma filha do Luís Nunes.

Mas os teus impedimentos ela ignorou e esqueceu


E juntos deram origem à pessoa que escreve agora.

Pouco antes de morrer, percebeste como os unes

E pediste perdão pelos teus comportamentos de outrora.



V

Não só para eles te comportaste terrivelmente mal!

Eras católica mas todos os mandamentos ignoravas,

Foste linda e disso te serviste, muitos dizias que “amavas”…

Usaste sempre os homens com o teu poder triunfal.


Mas isso sempre soubeste não me incomodar,

Aliás, é capaz de explicar muito acerca de mim.

Juntas, éramos uma trupe, fazíamos um chinfrim

Que ninguém neste universo conseguia superar.


Em suma, tenho saudades tuas, da tua presença,

Da companhia que me fazias e que eu te fazia.

Éramos uma para a outra, constante desavença,


Constante tormenta, constante amizade!

Se pudesse pedir um desejo, então pediria

Que todas as crianças tivessem tal irmandade!

Casa-te comigo Fernando Pessoa!

    Se eu morrer novo,
    sem poder publicar livro nenhum
    Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
    Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
    Que não se ralem.
    Se assim aconteceu, assim está certo.

    Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
    Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
    Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
    Porque as raízes podem estar debaixo da terra
    Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
    Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.

    Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
    Nunca fui senão uma criança que brincava.
    Fui gentio como o sol e a água,
    De uma religião universal que só os homens não têm.
    Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
    Nem procurei achar nada,
    Nem achei que houvesse mais explicação
    Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

    Não desejei senão estar ao sol ou à chuva -
    Ao sol quando havia sol
    E à chuva quando estava chovendo
    (E nunca a outra cousa),
    Sentir calor e frio e vento,
    E não ir mais longe.

    Uma vez amei, julguei que me amariam,
    Mas não fui amado.
    Não fui amado pela unica grande razão -
    Porque não tinha que ser.

    Consolei-me voltando ao sol e a chuva,
    E sentando-me outra vez a porta de casa.
    Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
    Como para os que o não são.
    Sentir é estar distraido.

    Alberto Caeiro, 7-11-1915

About me

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Imaginary...

Dentro da minha mente sou rainha de um reino que construí com as minhas próprias mãos, alicerçando-me em todo o sofrimento por que já passei. Nunca tenho um momento de solidão porque na minha imaginação residem todas as pessoas que conheço e mais bilião e meio de outros habitantes fictícios do Reino. Quando caminho pelas ruas de Setúbal chego a esquecer-me de que tenho de atravessar a passadeira ou de virar em determinada rua de tão absorta que fico nos diálogos e situações que crio para me entreter. Grande parte das minhas insónias foram ocupadas vivendo imaginariamente até adormecer. Num dos filmes do famoso espião britânico 007, a música principal da banda sonora diz que uma pessoa só vive duas vezes. A primeira é a nossa vida real e a segunda é a vida dos nossos sonhos. Eu sou abençoada porque vivo três vezes. A vida real, a vida dos sonhos e a vida da imaginação. Numero três. Numero mágico. Numero fatal. Numero da criação, evolução, destruição. Numero adequado à minha pessoa.

A vida da imaginação, o Reino, a neverland, o lugar seguro, chamem-lhe o que quiserem, não me interessa. Só sei que esse ínfimo e misterioso órgão, o cérebro, alberga aquilo que mais tenho de meu, aquilo de que dependo para ser sempre tão optimista, aquilo de que dependo para escrever, aquilo de que dependo para viver, a minha imaginação.

Mas agora vamos virar a espada e apontar a lâmina para ti que estás a ler. Agora pergunto eu, tu que és um dos meus melhores amigos ou um completo estranho, és como eu? Usas a tua imaginação? Soltas a grande baleia que nada na tua mente e que grita para sair de lá? Se o fazes diz-me, pois preciso de um conforto, nunca te cansas te imaginar? Nunca te cansas de desejar tanto algo que não consegues deixar de imaginar que um dos teus sonhos se concretizou? Nunca te cansas de imaginar que já não tens de esperar? Nunca te cansas de imaginar?

Eu estou cansada, a minha imaginação anda a estafar-me de há uns meses para cá… Quer seja com os desejos que cada dia estão mais próximos e certos, como com aqueles que são distantes e incertos. Com tudo e com nada. Porque ela [a imaginação] me dá tudo mas não me dá nada, porque me dá confiança e descrença, porque me dá alento e desespero, porque eu a adoro e a odeio. Mas não quero maldizê-la, ela, que se apresenta perante mim qual Deusa imbatível, fera temível, animal irascível ao qual não consigo resistir e do qual não quero desistir.

Não me martirizes mais, ó imaginação, ó Deusa, ó futuro, ó especulação, ó desejo, ó esperança, ó sonho, não me martirizes mais. Mas não me deixes, está bem?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

One day we’ll be together



One day we’ll be together, I know it…
I don’t care if other people always say
How unlikely this is... i just know I’ll never quit,
No mather how long it takes, I’ll have it my way!

One day I’ll be studying in that ancient library,
I’ll spread my books over that old furniture.

My burden will never get to heavy for me to carry!
And I’ll be looking at that golden ceiling, I’m
sure.

Because in God’s justice I will always believe!
Everyone always gets what they deserve,
And from Him, my rewards I’ll receive!

So, wait for me, eventually I’ll get there!
And those who misbelieve me, just observe
While I’ll reach for the sky!
Just beware!