quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Imaginary...

Dentro da minha mente sou rainha de um reino que construí com as minhas próprias mãos, alicerçando-me em todo o sofrimento por que já passei. Nunca tenho um momento de solidão porque na minha imaginação residem todas as pessoas que conheço e mais bilião e meio de outros habitantes fictícios do Reino. Quando caminho pelas ruas de Setúbal chego a esquecer-me de que tenho de atravessar a passadeira ou de virar em determinada rua de tão absorta que fico nos diálogos e situações que crio para me entreter. Grande parte das minhas insónias foram ocupadas vivendo imaginariamente até adormecer. Num dos filmes do famoso espião britânico 007, a música principal da banda sonora diz que uma pessoa só vive duas vezes. A primeira é a nossa vida real e a segunda é a vida dos nossos sonhos. Eu sou abençoada porque vivo três vezes. A vida real, a vida dos sonhos e a vida da imaginação. Numero três. Numero mágico. Numero fatal. Numero da criação, evolução, destruição. Numero adequado à minha pessoa.

A vida da imaginação, o Reino, a neverland, o lugar seguro, chamem-lhe o que quiserem, não me interessa. Só sei que esse ínfimo e misterioso órgão, o cérebro, alberga aquilo que mais tenho de meu, aquilo de que dependo para ser sempre tão optimista, aquilo de que dependo para escrever, aquilo de que dependo para viver, a minha imaginação.

Mas agora vamos virar a espada e apontar a lâmina para ti que estás a ler. Agora pergunto eu, tu que és um dos meus melhores amigos ou um completo estranho, és como eu? Usas a tua imaginação? Soltas a grande baleia que nada na tua mente e que grita para sair de lá? Se o fazes diz-me, pois preciso de um conforto, nunca te cansas te imaginar? Nunca te cansas de desejar tanto algo que não consegues deixar de imaginar que um dos teus sonhos se concretizou? Nunca te cansas de imaginar que já não tens de esperar? Nunca te cansas de imaginar?

Eu estou cansada, a minha imaginação anda a estafar-me de há uns meses para cá… Quer seja com os desejos que cada dia estão mais próximos e certos, como com aqueles que são distantes e incertos. Com tudo e com nada. Porque ela [a imaginação] me dá tudo mas não me dá nada, porque me dá confiança e descrença, porque me dá alento e desespero, porque eu a adoro e a odeio. Mas não quero maldizê-la, ela, que se apresenta perante mim qual Deusa imbatível, fera temível, animal irascível ao qual não consigo resistir e do qual não quero desistir.

Não me martirizes mais, ó imaginação, ó Deusa, ó futuro, ó especulação, ó desejo, ó esperança, ó sonho, não me martirizes mais. Mas não me deixes, está bem?

3 comentários:

Anónimo disse...

perfeito.

acho que um dia vou ficar como tu, farto da imaginação porque exactamente quando ando por setubal, como esta cidade de bonita nao tem nada, esqueco-me das coisas e perco-me numa estoria aqui dentro ( aqui denttro de mim).


óptimo texto, cat :)

*

Anónimo disse...

hehehe só tu pa escrever uma coisinha tão verdadeira, tão profunda e tão bnita. parabéns pelos sentimentos atirados para o papel com manchas tão bem delineadas...só tu, não há mais palavras...

;)

Anónimo disse...

Uma segunda vida que complementa a principal. Diria que é um ensaio, para a concretização. Não deixes de sonhar, nunca, mesmo q penses q já esta tudo imaginado ou suposto.
Vendo bem, quem é cem por cento realista n chega aos pés dos aluados como nós! Viver a vida com originalidade e maluquice, mesmo isto nos pareça parvo, por vezes é essencial!

Beijinhoo**