quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

So long 2008!

Well, I guess it's only appropriate for me to say something about this year that is about to end.

In 2008 I've been trough some of the worst times of my life... At least while the 12th grade lasted. But I've written enough in this blog about the misery and pain of those times.

I think it would be good to remember the great things that happened this year:

  • I wrote what I consider to be my best book untill now;
  • The prom;
  • Me and Inês started talking again;
  • I finished highschool;
  • I wrote a lot;
  • I read a lot;
  • I went to University;
  • I (sort of) move out of my parents house;
  • I went to Coimbra to study "Archaelogy and History";
  • I met really great and amazing people;
That's pretty much it, but, if we do the Math, it was an ass kicking year and lots of things changed for the best!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Like Eating Glass

Carlos conduzia rápida mas cuidadosamente quando o seu telemóvel tocou. Como sempre, hesitou entre atender ou não, mas, ao pegar no telemóvel e ver o nome Constança aparecer no visor, decidiu-se pela primeira opção.

- Estou?

- Onde estás?

- Estou quase a chegar, mais uns dez minutos e devo passar o cruzamento.

- Sabes, sou mais louca do que tu pensas…

- O quê?

- Sou até mais louca do que eu própria pensava. Quer dizer… eu acho que sempre soube mas tentava negar o quão doida sou…

- Constança, mas que raio se passa?

- Nunca te contei mas… Às vezes acontece-me começar a imaginar coisas, cenários e acontecimentos dentro da minha mente, e essas fantasias chegam a ser tão reais que surgem no meu cérebro vindas do nada e não paro de as imaginar durante dias ou mesmo meses…

- Ó, ó, ó, Constança! Sinceramente, achas que…

- Ultimamente tenho andado a imaginar que tu me vens visitar e tens um grande acidente no caminho…

- Deus nos livre, rapariga! É só por isso que estás assim? Estás preocupada porque achas que vou ter um acidente?

- Não te rias… Sei que estás a sorrir, estás a usar a tua voz “politicamente correcta” e aposto a minha vida em como estás a fazer o teu sorriso “politicamente correcto”. Ouve-me até ao fim… Depois do acidente, ficas em estado crítico e levam-te para o Hospital, encontram a minha morada entre as tuas coisas, descobrem o meu número, telefonam-me e explicam-me o que aconteceu. Eu vou a correr para lá, obviamente, e encontro-te, moribundo, numa maca do Hospital. Sabes como odeio tudo o que tem a ver com hospícios… Mesmo assim, salto para cima da maca, perdida em lágrimas, e tento abraçar-te. Tu dizes-me “Não era este tipo de visita que querias cá, pois não?” e ris-te. Eu peço-te para não falares, para tentares descansar e tu dizes “Há pessoas tão imbecis que só confessam o que sentem quando sabem que estão perto do fim”. Eu garanto-te que não estás perto do fim e tu pedes-me que não te minta porque sempre fui aquela que te dizia a dura verdade. Eu choro mais e abraço-te com mais força e tu ficas ainda mais ciente de que a morte se aproxima. Depois dizes “Eu sempre gostei de ti, mais do que tu podes pensar…” e morres, deixando-me ali, mais só e desesperada que nunca.

- Ouve… Eu percebo que isso te ande a perturbar, mas tens de perceber que todo o conteúdo desse sonho, ou fantasia, ou como quiseres chamar-lhe é patético. Para além disso, não passa de um produto da tua imaginação.

- Hum… Essa é a parte de ti que sempre desprezei acima de todas as partes menos boas que tento ignorar por seres tão meu amigo, o facto de não dares importância nenhuma à imaginação e não compreenderes porque é tão importante para mim.

- Constança… Por amor de Deus…

- Não, Carlos, deixa-me falar! Tenho de falar agora, tenho de arrancar as palavras que estão presas dentro de mim como se fossem pedaços de vidro que tivesse engolido de que cada vez que neguei a verdade. Realmente, há pessoas tão imbecis que só confessam o que sentem quando sabem que estão perto do fim.

- Constança…

- Sabes, eu sempre gostei de ti. Muito, muito mais do que tu podes pensar…

Ao ver o carro de Carlos aproximar-se do cruzamento, Constança avançou com o seu próprio carro, posicionando-o minuciosamente, de modo a que ele não pudesse evitar embater contra ela.

sábado, 27 de dezembro de 2008

O Voo de Anita

Tudo o que Anita queria era um momento puro e completo de total felicidade, um momento de recompensa por tudo quanto já tinha sofrido e, de repente, conseguiu tudo aquilo por que ansiava e muito mais.

As asas que construira com as farripas dos seus sonhos e que unira com a argamassa feita do sangue e das lágrimas que derramara durante a sua vida permitiram-lhe que voasse e fosse mais alto do que nunca.

Quando chegou à colina da recompensa por que sempre ansiara, explodiu num misto de êxtase e incredulidade ao ser invadida pela Felicidade e deixou a sua alma planar livremente por entre as despreocupações.

Depois, durante um breve momento que pareceu uma eternidade numa câmara de tortura mais horripilante do que tudo aquilo por que já passara, sentiu que aquele contentamento permanente não fazia sentido e ficou imóvel e aterrorizada até que a sua companheira de longa data, a Mágoa, veio prestar-lhe uma visita, trazendo consigo a Melancolia e a Dormência.

Sentiam saudades de Anita e sabiam que, por baixo da ilusão da Felicidade e da Paz, existia um buraco negro que crescia dentro da sua alma, um espaço vazio que aumentava sem a presença daquela tristeza inerente à sua existência.

Ela voltou a sentir o peso da sua cabeça e deixou-a cair sobre as mãos, enquanto voltava a ouvir o seu coração a bater com o ritmo forte de uma possante bateria, como se as suas entranhas cantassem uma música triste, como se cada tendão do seu corpo fosse a corda de uma guitarra que gemia em sofrimento. Sentiu os seus olhos humedecerem doce e fecundamente, como um rio se liberta por detrás de uma represa. Desprendeu-se deles uma única lágrima, cristalina como a água da nascente mais pura.

Bastou uma lágrima. Uma singela lágrima fez o seu cérebro confundir e emaranhar os milhões de ideias que surgiram dentro de si.

Anita levantou a cabeça e limitou-se a sorrir, sentindo-se de novo ela própria, mostrando o seu sorriso à Mágoa, à Melancolia e à Dormência, dando-lhes assim permissão para se voltarem a unir a ela. Em seguida, ergueu-se determinadamente e, lançando um último olhar à Felicidade, murmurou:

- A verdade é que tu não me completas, não me basta ser só feliz, preciso da minha dor…

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008