quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

...

Daqui a uns anos vou estar morta,

Vocês têm que ter essa consciência

Quando vos peço para me deixarem

Ser livre. Daqui a uns anos já não importa,

Já não vou estar na adolescência.

Já não vai interessar o facto de me abraçarem


Eternamente com medo de me perder.

Porque daqui a uns anos poderei

Fazer o que quiser. Que interesse tem

Poder ir sempre para onde me apetecer

Se não há ninguém para dizer “Eu confiei

Em ti e deixaste-me ficar bem”?


É por isso que vos peço calmamente

Que confiem e não tenham medo

Porque há muito que não sou criança.

Confiem em mim no momento presente

E eu prometo estar de volta mais cedo

Do que imaginam. Não lutem contra a mudança


Porque aprendi dificilmente que é inevitável.

Sei que algumas vezes vos desiludi

Mas se pensarem bem, não foram

Quase nenhumas. Tenho uma admirável

Resistência à tristeza e sempre cri,

Mais que vocês, que o dinheiro não


Interessa. Vocês sabem que sou feliz

E que vos amo, independentemente

Dos bens materiais que não puderam

Dar-me. E acreditem que a raiz

Daquilo que sou foi grandemente

Influenciada pelo que não me deram


E que os outros pais deram às outras crianças.

Raramente vos pedi que me dessem coisa alguma

E quando o fiz, foi apenas por necessidade.

Por isso, dêm asas às minhas esperanças

Não sejam responsáveis pela queda de mais uma

Das minhas expectativas de felicidade.


Percebam… Percebam por favor

Que o tempo passou, que eu já cresci

E que esta oportunidade eu mereço.

Façam-me esta vontade, por louvor

A Deus… Percebam que já aprendi

E que sempre vos respeitei, com apreço.


Eu percebo que vocês tenham medo

Pois apenas me têm a mim. Mas preciso

Mesmo de me libertar e de ir explorar

Este grande mundo, para que nenhum segredo

Ele mantenha e para que seja conciso

O meu conhecimento. Tentem não pensar


Que algo terrível poderá acontecer

Porque isso não está nas vossas mãos.

E não pensem que não tenho nenhum temor,

Porque eu também temo o decorrer

Do tempo e todas as suas bênçãos

Ou maldições repletas de dor


Que me esperam. E estão já ali adiante,

Vou encontrá-los assim que conseguir

Ultrapassar este obstáculo que vocês

Me estão a por. Vou levar a minha avante

E na estrada da Vida vou prosseguir.

E quando chegar ao meu destino direi “Vês,


Nada de mal veio ao meu encontro.

Deparei-me com algumas coisas menos boas

Mas que são necessárias para aprender.”

Por isso, Helena, não anseies pelo reencontro

Com lágrimas nos olhos. E Rui, as pessoas

Não têm culpa de que eu tenha de crescer.


Eu vou, seja hoje, ou amanhã, ou ainda depois,

Vou realizar os meus sonhos e desejos.

Mas preferia, com toda a certeza, ir hoje ainda.

E preferia que soubessem e me abençoassem, pois

Custa-me deixar-vos sós, sem os meus gracejos.

Percebam que tenho de ir agora que o dia finda…

3 comentários:

Anónimo disse...

LINDO LINDO LINDO! :D

Anónimo disse...

pais, ai os pais.

Anónimo disse...

eu sou aquele anónimo (rodrigo)