sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sinto vontade se sair para a rua

E correr pelo Montalvão fora

Até entrar na baixa!

Vontade de me meter pela rua do Roma

E correr até alcançar a Biblioteca Municipal!

Por artes mágicas, trepar pela parede acima

E partir aquela janela que está atrás da secretaria

Das bibliotecárias,

Aquela onde elas têm os computadores

Com a lista dos livros,

Onde nunca estão os livros que eu quero

Mas que depois encontro na prateleira!


Apetece-me caminhar por entres as prateleiras

E ir abraçar as encadernações

Como se fossemos todos corpos nus em êxtase!

Sim, êxtase, porque a poesia me deixa high,

Me embriaga e me enlaça como se nada mais existisse.


Hoje quero-vos,

Oh grandes poetas de outrora!

Quero ler os vossos versos e chorar convosco,

Rir-me convosco,

Saltar convosco,

Revoltar-me convosco,

Emocionar-me convosco,

Viver e Morrer convosco!


Esta noite só a poesia importa,

Não sei explicar, não quero explicar,

Só quero poesar!

Quero ler até me doerem os olhos,

Até que as pálpebras se me fechem

E eu cabeceie e bata com a cabeça nas prateleiras

E me levante e corra, tropeçando,

Escadas abaixo,

Para ir molhar a cara ao lavatório!

Depois quero voltar e deitar-me no chão e ler mais e mais e mais!

Sentir que os versos se enlaçam em mim como tendões que se enrolam na minha carne!

Quero que as vossas palavras percorram o meu organismo como micróbios

Que corroem os meus órgãos e os devoram!


Por fim,

Quando mais não puder,

Quero desfalecer naquele chão de madeira velha,

E dormir, fundindo-me com a madeira,

Fazendo com que o meu corpo se torne parte

Daquele sitio que tanto amo e que me faz sonhar casa vez mais!

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