terça-feira, 26 de agosto de 2008
É extenuante não perceber o que ainda faço aqui.
É cansativo sair e caminhar por esta cidade já tão vista e vivida por mim, ir aos mesmos cafés, sentar-me nas mesmas cadeiras e ver as mesmas pessoas constantemente lá sentadas.
Vejo os bêbedos do Café do Ernesto a jogarem às cartas, as velhotas a maldizer no Samambaia, os jovens adultos a conspirar no Coala, os decadentes de meia-idade no Café do Zé a tentarem aproveitar aquilo que ainda lhes resta e lhes dá prazer, as miúdas oferecidas e os rapazes presunçosos a mostrarem-se à sociedade no Algodeia, os alternativos e os “miúdos da cena” a falarem de música no Pessoa…
Vejo esta gente pergunto-me onde me levará a vida? Onde estaremos nós, eu e os meus amigos e as pessoas que observo agora? O mais provável é que venhamos a substituir os habituais frequentadores do Ernesto ou do Zé… Vamos estar nas esplanadas da cidade onde tantos dos nossos sonhos e planos foram gritados aos quatro ventos, e vamos beber e fumar e jogar às cartas como se não houvesse amanhã… Porque, afinal, haverá amanhã para àqueles pobres diabos?
O que os espera? Alguns têm uma casa onde moram sozinhos por não ter quem lhes faça companhia, outros têm mulheres que já não suportam e que não os compreendem, outros têm filhos que os ignoram ou os exploram… Todos eles têm um grande nada à sua espera. Um nada feito de sonhos desfeitos, de tentativas falhadas, de ambições frustradas, oportunidades que não foram aproveitadas ou que tiveram um mau resultado…
No seu futuro já não existem arqueólogos destemidos, políticos cativantes, psicólogos empreendedores, escritores laureados, advogados imbatíveis, humanitários dedicados, realizadores galardoados… Apenas existem passageiros que perderam o comboio para a Terra-da-Auto-Realização e que já não conhecem mais nenhum prazer para além de uma fresca e revigorante cerveja, de um reconfortante e quente cigarro, de um simples e infantil jogo…
Eu ainda acredito! Mesmo que tudo não passe de uma ilusão absurda, acredito que conseguiremos participar na viagem de onde tantos saíram a meio, desencantados e desalmados.
Eu ainda tenho o futuro…. Ele arde dentro de mim fazendo-me ficar febril de tanto desejo de ir mais além.
Por isso pergunto à noite, quando acordo quase todas as madrugadas às quatro horas e me sento de súbito na cama “O que é que ainda faço aqui?”.
É cansativo dormir quando se sonha de mais.
É extenuante ter insónias quando se pensa demasiado.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Tinha saudades tuas, nostalgia, saudades deste entorpecimento nos neurónios que me faz mirar o vazio e tentar perceber no que é que estou a pensar.
Quero dormir e sonhar. Quero sonhar e escrever.
Sinto que tudo é lindo e que tudo é profundo: a tesoura, o brinco com uma pena negra, a lapiseira azul, o candeeiro cuja abajour é um búzio, o isqueiro zip, o abre garrafas metálico, os Ferraris em miniatura.
Apetece-me absorver tudo o que me rodeia.
Quem és tu? O que é uma mente?
Leva-me na brisa, faz-me fluir e flutuar com o fumo branco.
Amo o que magoa. Magoo o que ama.
Eu sou esta descrição. Eu amo a mágoa, porque, por mais que me possa magoar, me alimenta e me dá vida e me dá força.
Não me tireis a minha nostalgia, ó Mundo, nem me tireis a minha gargalhada sarcástica.
domingo, 10 de agosto de 2008
Sei que a noite pertence aos que sonham;
_____a noite pertence aos que esperam;
_____ a noite pertence aos que desesperam;
_____ a noite pertence aos que amam;
_____ a noite pertence aos que imaginam;
___________pertence aos que se revoltam;
___________pertence aos que se preocupam;
___________pertence aos que se procuram;
__________________aos que não se calam;
__________________aos que não se conformam;
__________________aos que não aguentam mais!
Nada quero ver,
Só quero sonhar!
Agora já não há angústia dentro de mim.
Este corpo já conseguiu aprender.
Aprender a esperar.
Sei que valerá a pena, no fim.
Agora que já nada parece tão incerto
Já não custa tanto esperar.
Agora, cada quimera
É um plano. E, quando desperto
Do meu eterno sonhar,
A minha alma já não desespera.
Agora faz muito mais sentido,
Sonhar já não é só sonhar,
Mas sim programar o futuro mais próximo.
Ultimamente nem tenho tremido
Com o medo e a raiva que o facto de ter de esperar
Fazia nascer dentro do meu ócio.
Eu sou eu, não sou a minha família,
Eu, a mim me construí,
Eu sei que o meu país sofre…
Eu sei que a minha mãe sofre de cansaço,
Sei que, se calhar, o dinheiro
Eu sei tudo isso mas rio e persisto,
Por vezes desespero um pouco
Porque sou relaxada,
Sempre foi assim que ultrapassei o mal.
Eu sobrevivo através do ROCK N’ ROLL,
E, quando não encontro nada de fantástico
Por isso não vale a pena que me critiquem
Eu sou eu e sou assim
sábado, 2 de agosto de 2008
Dreaming about Paris
Just the three of us...
You are both part of what I call my best friends, the ones that bring me joy!
Today we promise that one year from now, in the next Summer, we're gonna travel through Portugal, go visit Spain and spend the times of our lives in Paris!
We marked it on our life's calendary, we're gonna go to Paris!
(I wrote it in that Camel pack that will last forever)
I believe in us and I believe in our plans!
Let's go to Paris!
I'm dreaming about Paris!!
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Sinto vontade se sair para a rua
E correr pelo Montalvão fora
Até entrar na baixa!
Vontade de me meter pela rua do Roma
E correr até alcançar a Biblioteca Municipal!
Por artes mágicas, trepar pela parede acima
E partir aquela janela que está atrás da secretaria
Das bibliotecárias,
Aquela onde elas têm os computadores
Com a lista dos livros,
Onde nunca estão os livros que eu quero
Mas que depois encontro na prateleira!
Apetece-me caminhar por entres as prateleiras
E ir abraçar as encadernações
Como se fossemos todos corpos nus em êxtase!
Sim, êxtase, porque a poesia me deixa high,
Me embriaga e me enlaça como se nada mais existisse.
Hoje quero-vos,
Oh grandes poetas de outrora!
Quero ler os vossos versos e chorar convosco,
Rir-me convosco,
Saltar convosco,
Revoltar-me convosco,
Emocionar-me convosco,
Viver e Morrer convosco!
Esta noite só a poesia importa,
Não sei explicar, não quero explicar,
Só quero poesar!
Quero ler até me doerem os olhos,
Até que as pálpebras se me fechem
E eu cabeceie e bata com a cabeça nas prateleiras
E me levante e corra, tropeçando,
Escadas abaixo,
Para ir molhar a cara ao lavatório!
Depois quero voltar e deitar-me no chão e ler mais e mais e mais!
Sentir que os versos se enlaçam em mim como tendões que se enrolam na minha carne!
Quero que as vossas palavras percorram o meu organismo como micróbios
Que corroem os meus órgãos e os devoram!
Por fim,
Quando mais não puder,
Quero desfalecer naquele chão de madeira velha,
E dormir, fundindo-me com a madeira,
Fazendo com que o meu corpo se torne parte
Daquele sitio que tanto amo e que me faz sonhar casa vez mais!
Agora já só interessa dançar…
A dança acabou de começar!
Agora que esta dança começou,
Já nada mais me pode interessar.
Agora só me apetece dançar!
O que a minha pessoa experimentou
Até agora, de uma prova não passou.
Eu consegui iniciar este bailado
E agora segui-lo-ei até estar terminado.
Dançando receberei a condecoração
Divina por toda a desesperação
Por que a minha alma tem passado.
Agora já só interessa dançar…
A dança acabou de começar!
Dançarei aqui na minha casa,
Na praia, na relva verdejante,
No campo, na areia brilhante,
Na terra, na fogueira em brasa!
Dançarei como se uma alva asa
Tivesse, de cada lado de mim, nascido.
Como se o futuro não fosse tremido…
Agora tudo depende só de mim,
Só eu controlarei que tipo de fim
Será para este bailado escolhido.
Agora já só interessa dançar…
A dança acabou de começar!
Mas esta dança só acaba se eu quiser!
Eternamente, todos se recordarão
Da existência deste intrépido leão,
Se os passos mágicos eu fizer.
Não sinto que esteja a ser corajosa,
Apesar de saber minh’alma virtuosa.
Porque de não singrar tenho medo.
É isso que me impulsiona, é esse o segredo.
Sei que me ajudará a esperança ditosa.
E, de qualquer modo, agora só interessa
Que a dança já se iniciou e tenho pressa!
Agora já só interessa dançar…
A dança acabou de começar!
PÓLO NORTE - ASA LIVRE
Como um pássaro que vai
Quando uma porta se abre
Não olhes para trás e vai depressa
Como a noite quando cai
Abraçando a cidade
Deixa simplesmente que aconteça
Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas, eu fico bem
Como um barco que se afasta
De uma das margens do rio
Não há um só lado na vida
Quando um beijo já basta
Corpo quente em corpo frio
Deixa que aconteça a despedida
Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas , eu fico bem
E que a despedida
Seja só o recomeço
Livre asa solta
Voa alto, eu não te esqueço
Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas , eu fico bem