domingo, 6 de julho de 2008

Benjamin Lebert, um herói para todos os que sonham ser escritores





Por este mundo fora há milhares de pessoas como eu, que, desde muito novas, escrevem e imaginam e planeiam, e sonham que os seus livros serão publicados, as suas histórias amadas e os seus nomes reconhecidos.
Mas, em cada 1000 destes sonhadores, talvez apenas um (se tanto), conseguirá alcançar aquilo que deseja. E, a maioria dos que o alcançam, fazem-nos já numa idade avançada, e nem sempre têm tempo de ver realmente, o efeito que as suas criações têm nas várias gerações que as admiram, ou mesmo que as odeiam. Eu, para além de sonhar ser escritora, quero ainda mais. Gostava de ser realizadora de cinema, de transportar imensas das histórias que imaginei e nunca escrevi para o cinema. Quanto mais sonhos se tem, maior é a probabilidade de desilusão.

Este é Benjamin Lebert, um escritor alemão que completou apenas 26 anos, no passado dia 9 de Janeiro e que, em poucos anos, conseguiu alcançar os meus maiores sonhos.

Não posso afirmar que ele tinha O Sonho de ser Escritor, pois nunca li,vi ou ouvi nenhuma entrevista onde afirmasse tal, mas acredito piamente que ele tinha O Sonho. Acredito porque, quando li a obra com que se estreou "Crazy", pela primeira vez , em 2005, estava no final do nono ano, tinha apenas 14 anos, a personalidade que tenho hoje tinha-se formado há bem pouco tempo e, obviamente, ainda era frágil, e, para além disso, estava triste com tudo à minha volta. Disseram-me que este livro era "a minha cara" e, mal acabei de o ler percebi que era o melhor livro que já tinha lido. Não tem uma história estranha ou nunca vista, não tem uma escrita pomposa ou brilhante mas tem uma tristeza, uma melancolia, uma realidade, uma angústia, uma frustração e uma amizade tão fortes que me emocionaram até ao meu expoente máximo de comoção. Se bem que, ao mesmo tempo, consegue, com a sua ironia e graça, provocar sinceras gargalhadas.
Penso que o que mais me fascinou foi o facto de aquele ser um livro escrito por um rapaz de 16 anos (nessa altura eu já sonhava em ser escritora há alguns anos e tinha terminado o meu primeiro livro há pouco tempo) que tinha conseguido alcançar o sucesso e ser reconhecido. Para além disso, aquela era uma história verídica, a história de um rapaz de 16 anos, triste com tudo à sua volta.
No ano seguinte, novamente, no final do décimo ano, estava outra vez com um ataque psicológico grande e, de repente, lembrei-me de reler o "Crazy". As coisas tinham mudado mas, de algum modo, aquele livro ajudou-me a continuar mais uma vez.
No ano passado, exactamente na mesma altura (admito, sou uma pessoa que AMA as tradições que cria), estava a tentar estudar para o exame nacional de Geografia e um pensamento interrompia-me ininterruptamente, ' está na altura de ler o "Crazy" ' Obviamente que o li, novamente, e, desta vez, a cumplicidade que senti com a obra foi ainda maior porque tinha exactamente 16 anos, tal como o autor. Muitas das coisas que li faziam mais sentido que nunca. Uma vez que a pessoa que mo emprestara me dissera que já que adorava tanto o livro podia ficar com ele para mi, diverti-me numa que é das minhas actividades preferidas, sublinhar todas as expressões que gosto nos livros. Cito, agora, uma frase deste livro que diz tudo o que sinto ao lê-lo

“Literatura é quando tu lês um livro e podes sublinhar cada uma das frases, porque são autênticas.”


Este ano, já tirei o "Crazy" da prateleira mas, infelizmente, ainda não tive tempo de o ler... Receio já ter ultrapassado o prazo dentro do qual geralmente o leio, mas, assim que puder, vou, com certeza, ler, pela quarta vez, uma história que ainda me provoca aquele calorsinho na barriga, um misto de excitação e emoção, quando leio algo de que gosto muito.


Penso que, para todos os que sonham ser escritores, este rapaz deve ser considerado um Herói. Pelo menos para mim, Benjamin Lebert nunca deixará de simbolizar o Herói que alcançou a Glória.
      • Como já disse, tinha apenas 16 anos quando escreveu "Crazy", livro que foi publicado em 1999, quando o autor tinha 17 anos.
    • No ano seguinte, aos 18 anos, viu a sua obra ser passada para o cinema, num filme de produção alemã com o mesmo nome.
  • Em 2003 (21 anos) publicou o seu segundo livro "O Pássaro é um Corvo", que , segundo sei, também foi incrivelmente apreciado no seu país e fora deste (infelizmente não se encontra publicado em Portugal, como de costume... Talvez cá chegue em 2010).
  • Com 24 anos, três anos depois de "O Pássaro é um Corvo", publicou "Kannst du", outro livro adorado pelos críticos.
Apesar de ainda não ter lido as suas duas ultimas obras, com muita pena minha, tenciono arranjar maneira de as ler, num Futuro próximo. Desde já sei que aquela escrita triste e real que tanto admiro continua a caracterizá-lo.


“Não conseguirei sempre aquilo que quero, mas podes ter a certeza de que vou experimentar aquilo que posso.”

Benjamin Lebert - "Crazy"



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