quarta-feira, 30 de julho de 2008

Oh, meu querido e azul oceano…

Há quem diga que Setúbal não tem mar.

Dizem que está errado assim denominar

Esta dádiva que foi dada ao povo humano.

Dizem que este elemento belo e tirano

Não passa de um rio. Mas é mar, sim!

Comprova-o o seu cheiro, que em mim

Faz sempre crescer a alegria de viver.

É de ti que mais saudades vou ter,

Meu mar… meu amor por ti não tem fim

quinta-feira, 24 de julho de 2008

poema já com uns meses...

Sábado, 10 de Maio de 2008 -12:43:44



Caminho pela baixa de Setúbal

Como caminho pela minha vida.

Vou andando, calma e rapidamente,

Observando de um modo global

Esta gente alegre e corrompida.


Assim percorro a minha cidade.

Dói-me o ombro e a mala pesa

Como me pesa a vida e tal

Como me pesa e magoa a felicidade.

Pesa-me a ignóbil certeza


De que vou encontrar pessoas

Que conheço nesta minha aldeia

Que me acompanha desde o nascimento.

Pesam-me as encadernações boas

Dos livros que trazem cheia


A minha alma. Meus companheiros

Que trago da minha segunda casa,

A minha biblioteca, minha amiga Real,

Pesam-me as palavras de tinteiros

Alheios, cuja fé e cuja Asa


Transporto comigo. Pesam-me, também,

O meu caderno e a minha caneta

Com que escrevo o que penso

E o que à imaginação me vêm.

Pesa a minha letra feia e preta


Que ainda diz mais do que eu.

Pesa-me o leitor de Ém-Pê-Três,

Uma das poucas tecnologias

De que realmente o meu

Ser necessita. Sem porquês,




A música acompanha-me…







Fundir-me-ei à Natureza
e amarei a sua verdade.
Absorverei a sua pureza
e conseguirei a eternidade.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

It's all over!

Tenho andado todo o ano atormentada por demónios do presente e espectros do Futuro.

Passei um ano lectivo miserável, cheio de desilusões, melancolia, dúvidas, desespero, pesadelos… Um autêntico martírio psicológico que tornava as minhas manhãs nas aulas insuportáveis por ter de lá estar e as tardes intoleráveis por pensar demais em tudo.

Deprimi nas salas de aula, nos cafés, no bar da escola, em casa e, por vezes, mesmo quando saía à noite com os meus amigos. Parecia haver sempre lugar para uma lágrima no canto da minha mente.

Certo dia, na semana passada, vendo alguém chorar na televisão, reparei numa coisa há mais de um mês que não estou triste, nem desolada, nem preocupada.

Depois, ontem, ao ligar a televisão nos canais de música, encontrei uma das minhas músicas preferidas já há três anos, a Photograph, dos Nickelback. É uma música que expressa a saudade dos tempos da escola em que o cantor era um jovem rebelde que só se metia em confusões e sonhava em conjunto com os seus melhores amigos.

Ao ouvir a música e, obviamente, a sing-along (para grande tristeza dos meus vizinhos, que me ouvem a cantar todos os dias) mas reparei numa coisa, já não sentia aquela onda de tristeza arrebatadora que me costumava invadir.

Cheguei à conclusão de que acabou… Acabou-se a saudade.



Tenho passado toda a minha vida imersa numa saudade que chegava a ser dolorosa fisicamente.

Quando fui para a Bocage, fazer o 2º ciclo, senti imensas saudades dos tempos da escola primária, em que era das melhores alunas da turma, os intervalos eram passados em contacto com a Natureza, eu só brincava com os rapazes e andava a chafurdar na terra, a trepar às árvores, a comer fruta directamente colhida por nós e comida nos ramos mais altos das laranjeiras ou das nespereiras. E, para além disso, tinha saudades das tardes em casa dos meus avós, quando conversava com o meu avô Carlos, e ele me dava histórias e poemas dele para ler, me contava histórias e aceitava fazer os “trabalhos de casa” que eu o mandava fazer, quando brincávamos às “escolas”.

Quando fui para o Liceu, fazer o 3º ciclo, sentia saudades dos tempos da Bocage, das descobertas, do nevoeiro das manhãs de Inverno, de brincar no campo de alcatrão, de ler à porta das salas de aula, de ter salas de aula com uma parede toda envidraçado (desde a altura da cintura até o tecto) o que me permitia ver a rua, de ser (novamente) das melhores alunas da turma, de me interessar pelas aulas e das horas passadas na biblioteca da escola.

Quando terminei o 3º ciclo e entrei para o 10º ano, foi quando senti as piores saudades de sempre. Tinha saudades da minha turma, onde me dava quase com todos, onde tinha encontrado os meus verdadeiros amigos, dos lanches na casa da Clara depois das aulas, dos tempos passados no parque, de me sentar na última fila com a Joana Carmo e de conversarmos todas as aulas (mesmo que isso nos pusesse à beira do chumbo), de faltarmos às aulas e irmos passear até à Bocage, de passar as aulas aborrecidas de F.Q. a escrever e das aulas de Ciência e da professora São.

O 1º período do 10º ano foi uma tortura ainda maior do que a deste ano. Depois conheci a Inês e o Francisco e comecei a dar-me cada vez mais com a Téh, a Clara, a Marisa e a Sara Q. e tudo mudou. Não estava nada satisfeita com aquela turma, mas essa insatisfação alimentava a minha raiva e esse sentimento sempre foi a força da minha personalidade.

No 11º ano, tinha saudades da Inês, do telhado dela, de faltar às aulas com ela, da praia, das conversas fantásticas e surreais… Mas tinha o Francisco e ganhei o Tiago e o André e o Rodrigo e o Tiago D. Na realidade, o 11º ano deve ter sido o ano que correu melhor ao longo da minha estadia de seis anos naquela escola.


Este ano, o 12º, foi o pior de sempre, sem dúvida alguma.


Quando era mais nova, especialmente quando andava no 7º/8º, sofri imenso, ainda não tinha a minha personalidade bem definida, ainda não tinha estabelecido quais as coisas realmente importantes na vida, ainda não tinha percebido tudo o que tinha e o quão insignificantes as opiniões alheias são. A única coisa que me fazia sentir bem nessa altura, a única maneira de me afirmar, de demonstrar que não era tão má quanto me faziam passar, era a agressão. Adorava andar à pancada, por tudo e por nada. Hoje em dia, ainda sou uma pessoa que perde a paciência e se irrita e enfurece muito rapidamente, mas nada que se assemelhe com aquilo que era com os meus 13 e 14 anos.

Este ano, cheguei a ter saudades desses tempos a desejar que as coisas voltassem a ser como nessa altura. Só queria que alguém esticasse demasiado a corda comigo, para que eu me pudesse “transformar no Hulk” e espancar alguém. Isto só mostra o quão desesperada estava. Tive umas saudades terríveis daqueles que foram os piores anos da minha vida.


Ao menos nessa altura fazia alguma coisa em vez de aturar a idiotice que me rodeia.


Os últimos quatro anos foram essenciais para que a pessoa que sou adquirisse uma personalidade cada vez mais vincada e com menos incertezas. Devo isso aquela escola miserável e, claro, a toda a saudade que sempre existiu e me macerou interiormente.


Agora acabou… Acabou-se a saudade.


Foi-se… Toda ela, sem que eu tivesse de fazer o mínimo esforço.


A partir de agora, vou, finalmente, começar a realizar os projectos que planeio há tantos anos. Percebi agora que é tudo verdade… Vou-me mesmo embora, vou deixar tudo para trás e, sinceramente, não sinto que vá perder nada. Tudo o que tem valor para mim é movimentável e intemporal, não preciso de aqui ficar para manter as coisas e pessoas importantes comigo. O que amo viaja comigo.

A partir de agora, o passado não interessa mais (pelo menos não de um modo pesaroso de quem deseja que o tempo ande para trás).

Cada ano pelo qual passei até agora foi um degrau. Um degrau que formou a escada que me levou à porta que estou prestes a atravessar.

A porta já está entreaberta e já vejo uma luz e já imagino os seus mistérios e anseio pelas aventuras que me esperam do outro lado.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

2 meses!


I

Oh Coimbra, que te conheço bem

Dizer não posso, é verdade…

Mas, apesar disso, teu nome contém

A doce carícia da liberdade.


De cada vez que penso em partir

Para uma desconhecida cidade,

Sinto um arrepio pelo corpo a subir,

Fazendo com que não sinta saudade.


Fecho os olhos e não cesso de imaginar

Que percorro esta ou aquela rua.

Mentalmente, não paro de explorar


Cada local, cada canto, cada momento

Desta cidade que espera que a possua.

Oh Coimbra, dá-me o teu alento!


II

Oh, honrada cidade dos estudantes!

Já faltou mais para que junto a ti

Estivesse! Penso em ti todos os instantes

Em que sonho! A minha mente sorri


Com o suave toque da independência

Que tu representas para mim!

Deus, aumentai a minha paciência,

Ajudai-me a não alcançar o meu fim


Antes de partir para as descobertas

Que me esperam! Não descobrirei

Mares inóspitos nem terras desertas


Mas encontrar-me-ei. Contigo,

Viverei, criarei e aprenderei

Muito mais do que aqui consigo!

domingo, 6 de julho de 2008

Benjamin Lebert, um herói para todos os que sonham ser escritores





Por este mundo fora há milhares de pessoas como eu, que, desde muito novas, escrevem e imaginam e planeiam, e sonham que os seus livros serão publicados, as suas histórias amadas e os seus nomes reconhecidos.
Mas, em cada 1000 destes sonhadores, talvez apenas um (se tanto), conseguirá alcançar aquilo que deseja. E, a maioria dos que o alcançam, fazem-nos já numa idade avançada, e nem sempre têm tempo de ver realmente, o efeito que as suas criações têm nas várias gerações que as admiram, ou mesmo que as odeiam. Eu, para além de sonhar ser escritora, quero ainda mais. Gostava de ser realizadora de cinema, de transportar imensas das histórias que imaginei e nunca escrevi para o cinema. Quanto mais sonhos se tem, maior é a probabilidade de desilusão.

Este é Benjamin Lebert, um escritor alemão que completou apenas 26 anos, no passado dia 9 de Janeiro e que, em poucos anos, conseguiu alcançar os meus maiores sonhos.

Não posso afirmar que ele tinha O Sonho de ser Escritor, pois nunca li,vi ou ouvi nenhuma entrevista onde afirmasse tal, mas acredito piamente que ele tinha O Sonho. Acredito porque, quando li a obra com que se estreou "Crazy", pela primeira vez , em 2005, estava no final do nono ano, tinha apenas 14 anos, a personalidade que tenho hoje tinha-se formado há bem pouco tempo e, obviamente, ainda era frágil, e, para além disso, estava triste com tudo à minha volta. Disseram-me que este livro era "a minha cara" e, mal acabei de o ler percebi que era o melhor livro que já tinha lido. Não tem uma história estranha ou nunca vista, não tem uma escrita pomposa ou brilhante mas tem uma tristeza, uma melancolia, uma realidade, uma angústia, uma frustração e uma amizade tão fortes que me emocionaram até ao meu expoente máximo de comoção. Se bem que, ao mesmo tempo, consegue, com a sua ironia e graça, provocar sinceras gargalhadas.
Penso que o que mais me fascinou foi o facto de aquele ser um livro escrito por um rapaz de 16 anos (nessa altura eu já sonhava em ser escritora há alguns anos e tinha terminado o meu primeiro livro há pouco tempo) que tinha conseguido alcançar o sucesso e ser reconhecido. Para além disso, aquela era uma história verídica, a história de um rapaz de 16 anos, triste com tudo à sua volta.
No ano seguinte, novamente, no final do décimo ano, estava outra vez com um ataque psicológico grande e, de repente, lembrei-me de reler o "Crazy". As coisas tinham mudado mas, de algum modo, aquele livro ajudou-me a continuar mais uma vez.
No ano passado, exactamente na mesma altura (admito, sou uma pessoa que AMA as tradições que cria), estava a tentar estudar para o exame nacional de Geografia e um pensamento interrompia-me ininterruptamente, ' está na altura de ler o "Crazy" ' Obviamente que o li, novamente, e, desta vez, a cumplicidade que senti com a obra foi ainda maior porque tinha exactamente 16 anos, tal como o autor. Muitas das coisas que li faziam mais sentido que nunca. Uma vez que a pessoa que mo emprestara me dissera que já que adorava tanto o livro podia ficar com ele para mi, diverti-me numa que é das minhas actividades preferidas, sublinhar todas as expressões que gosto nos livros. Cito, agora, uma frase deste livro que diz tudo o que sinto ao lê-lo

“Literatura é quando tu lês um livro e podes sublinhar cada uma das frases, porque são autênticas.”


Este ano, já tirei o "Crazy" da prateleira mas, infelizmente, ainda não tive tempo de o ler... Receio já ter ultrapassado o prazo dentro do qual geralmente o leio, mas, assim que puder, vou, com certeza, ler, pela quarta vez, uma história que ainda me provoca aquele calorsinho na barriga, um misto de excitação e emoção, quando leio algo de que gosto muito.


Penso que, para todos os que sonham ser escritores, este rapaz deve ser considerado um Herói. Pelo menos para mim, Benjamin Lebert nunca deixará de simbolizar o Herói que alcançou a Glória.
      • Como já disse, tinha apenas 16 anos quando escreveu "Crazy", livro que foi publicado em 1999, quando o autor tinha 17 anos.
    • No ano seguinte, aos 18 anos, viu a sua obra ser passada para o cinema, num filme de produção alemã com o mesmo nome.
  • Em 2003 (21 anos) publicou o seu segundo livro "O Pássaro é um Corvo", que , segundo sei, também foi incrivelmente apreciado no seu país e fora deste (infelizmente não se encontra publicado em Portugal, como de costume... Talvez cá chegue em 2010).
  • Com 24 anos, três anos depois de "O Pássaro é um Corvo", publicou "Kannst du", outro livro adorado pelos críticos.
Apesar de ainda não ter lido as suas duas ultimas obras, com muita pena minha, tenciono arranjar maneira de as ler, num Futuro próximo. Desde já sei que aquela escrita triste e real que tanto admiro continua a caracterizá-lo.


“Não conseguirei sempre aquilo que quero, mas podes ter a certeza de que vou experimentar aquilo que posso.”

Benjamin Lebert - "Crazy"