Hoje sinto que sou jovem,
Que sou real e que sou inteira
E que a vida se prostra à minha frente.
Sei que as ambições que me movem
Me fazem viver desta maneira,
Sempre com o futuro na mente.
Por vezes sinto que estou prestes a morrer
E sinto-o com tamanha certeza
Que, me despeço, antes de me ir deitar,
Como se nunca mais fosse ver
Aqueles que amo. Faço-o com clareza
E consciente de que vai tudo terminar.
Mas, quando nesse estado estou,
Sinto em mim uma grande paz
Por saber algo realmente.
Sei, então, que a minha pessoa amou
E aproveitou e se divertiu e foi capaz
De viver, sempre, sempre, continuamente.
Quer me sinta mesmo à beira da vida
Ou me sinta mesmo à beira da morte,
Fico feliz, sinto-me um todo, completa!
A morte não é por mim temida
E não acredito que seja mesmo sorte
Viver uma existência longa e obsoleta.
Sou jovem e sou-o agora, amanhã,
Depois e ainda depois disso! Jamais,
Em tempo algum, deixarei de o ser.
Porque se eu, guardiã da jovialidade,
Algum dia deixar de querer mais
E envelhecer, já não me valerá viver.
E é por isso que, com franqueza,
Não me importa o que sinta,
Quer seja bom, ou mau, ou indefinido,
Desde que o saiba com firmeza!
Toda a dúvida está, agora, extinta
E para sempre foi por mim banida!
10:41
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