sábado, 3 de maio de 2008

20:20 – 09/04/2008















Aquando da minha criação,
Deus não me concedeu um coração.
Mas, não é um defeito,
Isto que está dentro do meu peito.
Aqui dentro, protegida pelas costelas,
Jaz uma caixa, incrustada de coisas belas.

Não de jóias que se possam comprar,
Mas sim daquelas que custam a ganhar.
Cicatrizes que contam longas histórias,
Repletas de dolorosas glórias.
Marcas definitivas de experiências
Para sempre nas minhas demências.

Em vez de sangue, nas minhas veias,
Correm vontades, correm ideias
Infinitas, que magoam e dilaceram
Este corpo de que se apoderam.
E, no meu cérebro, estão guardadas
Todas as coisas pelas artérias levadas.

Porém, a caixa, se vazia não está,
Eu mal sinto o que está lá!
É que este objecto magnifico e inumano
Foi talhado pelo meu pensamento tirano
Que, ainda antes de eu nascer,
No meu ser se fez desenvolver.

A caixa tem o formato do sonho
E está guardada pelo mais medonho
Dos vigilantes. A Dúvida maldita
Que constantemente me deixa aflita.
Lá dentro, pouco se encontra…
Poemas, rebeliões, historias de faz de conta,

Os únicos triunfos que me pertencem
E que realmente me trazem bem.
Assim, claro é o que me move
Nesta existência. A vazia caixa comove
A minha pessoa e sou impelida
A esforçar-me por lhe dar vida.

Agora percebes porque não tenho coração?
Porque algo detentor de mais paixão,
Integridade, nobreza, riqueza e poder
Se abriga no meu seio. É o desejo de ser
Sempre mais, de alcançar a glória
De um dia deste mundo ser história.

1 comentário:

Anónimo disse...

pobre catarina que morre entre as linhas da poesia. derrete-se no alcohol e morre entre opapel.
deus a guarde.

já me tinhas mostrado isso.
muitas verdades condensadas numa só.