terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Palavras soltas

07/12/2009


Ele já vinha ligeiramente embriagado quando foi ter com ela.

Depois olhou para ela, com aqueles olhos enternecidos, aquele sorriso completamente aberto e incontrolável, como se os seus lábios se quisessem abrir ainda mais em felicidade e rasgar toda a pele da sua cara.

Disse-lhe uma série de banalidades e ela respondeu-lhe do mesmo modo, como sempre, os idiotas diplomáticos do sempre…

“Que bem nos faria sermos antipáticos um para o outro e dizer algumas verdades desagradáveis como dantes.” Pensou ela, não aguentando e sentindo, subitamente que também os seus lábios lutavam por rasgar as suas bochechas na busca de um sorriso maior, mais profundo, que pudesse falar por si.

E lá ficaram os dois mentecaptos, a sorrir um para o outro, como se se estivessem a lembrar de uma anedota engraçadíssima.

Depois, quando ele finalmente se mexeu, na tentativa de ir falar com as outras pessoas, as suas faces subitamente normais, ele resolveu parar novamente, retrocedendo na sua tentativa de se ir embora. Aproximou-se para lhe acariciar a cara, desta vez com um sorriso triste no rosto, desempenhando o gesto mais terno que alguma vez tinha tido para com ela desde que se conheciam, há tantos anos.

“Realmente, que bela anedota somos…” Pensou ela, enquanto se afastava.

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